JBOnline - Conversas telefônicas de diretores da construtora Camargo Corrêa transcritas durante as investigações da Polícia Federal (PF) relacionadas à Operação Castelo de Areia contêm mais de 30 diálogos em que executivos falam de contribuições de dinheiro a partidos 'por dentro' e 'por fora' e de entrega de dinheiro 'em espécie'. Segundo a PF e o Ministério Público Federal (MPF), as conversas apontam que a empreiteira fez doações ilegais a partidos políticos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.Em uma das conversas, às vésperas das eleições municipais, um diretor da empreiteira, Pietro Giavina Bianchi, fala com uma pessoa chamada Marcelo. Ele diz que a lista com as doações está 'numa pasta de eleições'. Segundo ele, o documento contém 'todos os caras que foram pagos', 'inclusive a colaboração oficial'. Ele conclui ao interlocutor: 'Tem as duas, tá?'.
Segundo a Folha, a procuradora Karen Kahn afirmou que as conversas apontam indícios robustos da existência de doações legais e ilegais. Quatro diretores da Camargo Corrêa foram presos na última quarta-feira pela PF na Operação Castelo de Areia, sob a suspeita de terem praticado os seguintes crimes: remessa ilegal de dólares, superfaturamento de obras públicas e lavagem de dinheiro. A PF encontrou menções de doações a PSDB, DEM, PPS, PSB, PDT, PP e PMDB. A Camargo Corrêa não quis comentar os diálogos.
O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, recebeu em 2006 doação de campanha da Camargo Corrêa, quando tentava se reeleger deputado estadual por São Paulo, concorrendo pelo PMDB. Ao lado da CCE, a construtora foi a maior doadora: foram R$ 50 mil depositados na conta de campanha, de um total de R$ 354 mil arrecadados. Tuma Jr. afirmou que não há conflito de interesse e que a doação foi "transparente e declarada".
