Estadão - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afastou ontem a cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), incluindo o diretor-geral, Paulo Lacerda, por causa da escuta ilegal nos telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Na tentativa de contornar o problema, o governo divulgou que o afastamento será temporário, até o fim das investigações, mas o comentário nos bastidores é de que dificilmente o atual comando da Abin - em guerra com a Polícia Federal - retomará as funções.O desfecho da crise ocorreu à noite, depois de um dia tenso, marcado por várias reuniões no Palácio do Planalto. Mendes cancelou viagem que faria à Coréia do Sul e, logo pela manhã, disse a Lula que as providências não poderiam se resumir à abertura de um inquérito por parte da Polícia Federal. Estava nervoso e exigiu punição.O ministro da Defesa, Nelson Jobim, ficou ao lado de Mendes e discutiu com o general Jorge Felix, chefe do Gabinete Institucional da Presidência, que defendeu a Abin. Horas depois, na reunião de coordenação política, Felix chegou a pedir demissão, mas Lula não aceitou.
