Folha - O esperado posicionamento do PT sobre a permanência do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no cargo não deve ocorrer antes do recesso parlamentar. A bancada aposta nas férias dos parlamentares --que começa oficialmente no dia 18-- para esfriar as denúncias contra o peemedebista e evitar o constrangimento de ter que apoiar, sem consenso, Sarney no comando da Casa.As indicações de que o partido não quer assumir uma postura em relação ao peemedebista ficam cada vez mais claras. O líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), transferiu para amanhã a reunião da bancada que discutirá a crise política no Senado. O argumento é que a bancada não estará completa porque a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (SC), está viajando, cumprindo compromissos parlamentares no Estado.
Senadores petistas reconhecem nos bastidores que os petistas também estão preocupados em serem cobrados nas eleições de 2010 pela defesa de Sarney. Dez dos 12 integrantes da bancada pretendem disputar a reeleição ou o governo de seus Estados.
Quando se encontrar, o PT só deve discutir propostas para a reforma administrativa da Casa. Essa é a alternativa pensada para superar a crise, classificada como estrutural por Mercadante.
O senador Tião Viana (PT-AC) ficou de apresentar um projeto com mudanças administrativas, criando uma espécie de lei de responsabilidade fiscal e administrativa, com metas para serem seguidas. A proposta deve tratar ainda de corte na estrutura do Senado.
Pressionada, a bancada defende o afastamento temporário de Sarney, mas não oficializou o pedido porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interferiu. Os petistas foram cobrados pelo presidente a não pressionar o peemedebista por causa da governabilidade e pela aliança com o PMDB em 2010. Lula classificou de "imprevisível" o resultado da saída de Sarney do comando do Senado.
